domingo, 4 de dezembro de 2011

Diário de Bordo - Parte 4


Lembranças

A terceira parada dessa jornada é a Itália. A terra do macarrão da “nonna” .
Cheguei de madrugada, numa chuva fortíssima. Assim que desembarquei, peguei um taxi e fui diretamente para a casa da minha avó paterna, que mora aqui. Enfim não dormirei num simples quarto de hotel, e sim, na aconchegante casinha da minha vovó.
Entrei em casa com o maior cuidado para não acordá-la, mas ela fez questão de me esperar. Depois disso, descarreguei minhas malas, tomei um bom banho e um chocolate quente. Fui dormir então.
O dia amanhece com um friozinho gostoso, Depois de tomar café eu me arrumo e vou passear pela “minha Itália”.
Quando era pequena eu vinha sempre para cá, passar as férias com minha avó e meu avô, meu italiano ainda é um pouco embolado, mas compreendo perfeitamente o idioma. A parte paterna da minha família é toda de descendentes de Italianos, e a parte materna tem um pouco de índio, de japonês e de brasileiro. Mas minha mãe nasceu no Brasil mesmo.
Eu relembro lugares que eu gostava de ir quando pequena e ainda encontro amigos meus que não via há anos, alguns deles até com famílias formadas.
Mas, a manhã passa rapidamente e eu me lembro que tenho uma tarde de autógrafos para cobrir. Então, vou para casa, coloco uma roupa mais formal e sigo para a livraria que será o evento.
O livro é de uma escritora chamada Victoria Luz. Não a conheço muito bem, então, decidi entrar como uma simples fã e depois revelar-me a jornalista (isso é coisa para agente infiltrado do FBI. Será que eu consigo?)
Quando cheguei à livraria, tinha uma fila enorme, mas os jornalistas tinham acesso vip, porém, naquele momento, eu era apenas uma simples fã.
Chegou à minha vez, dei um passo em direção a mesa dela e um leve empurrãozinho no livro para ela assinar, então, ela perguntou meu nome e assinou o livro, como se eu fosse mais uma fã. Depois, entrei na fila dos jornalistas. Agora sim darei o passo principal para essa entrevista, pensei.
Depois, quando estava quase anoitecendo, eu finalmente pude conversar com ela. Então ela me diz:
-Pérola?
Eu respondi:
-Sim, sou eu. Na verdade não sou sua fã, sim uma jornalista. Queria conhecê-la melhor antes de vir falar formalmente. Como está?
-Melhor do que hoje impossível!
Então, eu perguntei umas coisas e, ao fim da minha entrevista, ela me diz:
-Siga as instruções do bilhete que está dentro do livro e você terá uma surpresa muito grande! Confia em mim?
Então é claro que eu respondi positivamente.
Dias se passaram e finalmente estou no local e na hora marcada. Ansiosa para saber o que ela quer conversar comigo, olho para todos os lados na esperança de vê-la.
Ela chega e me diz um simples “Oi!” e me entrega uns papéis e uma foto. Fico sem entender nada, mas ela me diz para ler atentamente os misteriosos papéis.
Li e reli milhões de vezes e parece que as informações não chegam a minha memória, parece que eu não compreendo o idioma do papel e nem mesmo consigo reconhecer as pessoas na imagem.
Mas, para a minha surpresa, a imagem era uma antiga foto de família e os papéis eram a certidão de nascimento e um documento que prova o improvável: Victoria Luz era a minha tão falada tia Victoria.
Minhas lágrimas rolaram sobre meu rosto e ela me deu um abraço tão forte, que sumiu com toda saudade que eu sentia por ela.
Depois desse momento de emoção, nós fomos à casa da vovó, e, enquanto ela preparava a lasanha do jantar, nós conversávamos sobre a minha infância e o porquê dela ter sumido. Enfim jantamos e fomos descansar.
Mesmo sabendo que daqui a um dia, exatas vinte e quatro horas, eu teria que voltar para a rotina nada familiar.
E no dia seguinte, passeio de bicicleta, longas conversas, sorvete no parque e muita emoção e saudade para pouca Itália.
Pela noitinha, arrumo minhas malas discretamente e, quando chega a hora de partir escrevo um bilhete e o deixo sobre a cômoda da cozinha, junto com umas fotos que tirei. Peguei minhas malas e quando estava apoiando as coisas na sala, vi o rosto da tia Victoria. Ela estava acordada por uma simples coincidência?
Perguntei o que houve, e como ela é uma pessoa de poucas palavras, ela apenas perguntou:
-Vai embora sem dizer adeus?
Então, com o coração apertado, disse que eu iria sentir muita saudade e que não agüentaria dizer adeus a “família recém descoberta”.
Ela simplesmente me abraçou, me deu um beijinho na testa e me disse:
-Não abandone seus sonhos, eles nunca te abandonarão!
Depois me despedi e fui para o aeroporto, cansada, com saudades, e com um sonho por realizar...

Barrinha MaynaBabyBarrinha MaynaBaby

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